Uma dentista da região de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, é acusada de deformar rostos de pacientes, após procedimentos de harmonização facial. São 21 denúncias contra a profissional, que já foi alvo de buscas por parte da Polícia Civil.
Conforme o G1, a Polícia Civil apurou, até o momento, que a dentista usava a substância PMMA nos procedimentos, produto que é considerado legal, mas não recomendado em casos de harmonização facial.
A delegada Nathália Patrão diz que a promessa era usar o ácido Hialurônico, que é uma substância absorvível e temporária, mas na prática aplicava o PMMA. O uso do produto não indicado rendia à dentista uma margem de lucro muito grande, já que em vez de pagar de R$ 250 a R$ 300 pela substância certa, gastava apenas R$ 10 a R$ 20 na não indicada.
A defesa da dentista disse que não houve irregularidade e que os produtos utilizados são autorizados pela Anvisa, segundo o site.
Vítimas
Camila Carvalho, 35 anos, é personal trainer e fazia procedimentos com a suspeita desde 2018. Os problemas vieram, diz a vítima, quando foram feitas aplicações na boca e nariz.
"Começou a aparecer caroços na minha boca e eu sempre fui em cima dela pra saber o que eram aqueles caroços e ela conseguia fazer com que eu acreditasse que eu que ocasionei aquele problema, que o meu corpo não aceitou o ácido, que eu deveria ter calma porque (a substância) iria se assentar", diz.
Ainda de acordo com Camilla, a dentista chegou a aplicar um produto nos lábios da paciente com a promessa de que ele diluiria a substância da harmonização, o que não aconteceu.
"Era uma dor insuportável e eu ficava com a boca deformada", lamentou a personal.
A dentista em questão foi alvo de uma operação da Polícia Civil, que apreendeu materiais e dinheiro em dois endereços ligados a ela. Um deles foi a residência dela, onde parte dos produtos existentes foi comprado na Coreia do Sul, com marcas sem autorização da Anvisa, diz a polícia.
Além disso, policiais apreenderam mais de mil fichas de pacientes, cerca de R$ 68 mil em dinheiro guardados em um cofre, cheques e dois celulares usados para marcar consultas.