Em um despacho proferido na última quinta-feira (3), o juiz federal Carlos Felipe Komorowski, da 20ª Vara Federal de Porto Alegre (RS), se mostrou claramente indignado com os recentes atos antidemocráticos, e comparou os manifestantes de extrema-direita a “gado” e chamou de “nazifascista” o presidente Jair Bolsonaro (PL), o presidente russo Vladmir Putin, e o ex-presidente americano Donald Trump.

Depois que o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) perdeu a reeleição no domingo (30), manifestantes ocuparam estradas e frente de quartéis das forças armadas em todo o Brasil, defendendo um golpe contra a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pedindo intervenção militar. “Situação, que já era grave, regrediu para desesperadora”, afirmou.

O juiz atuou no plantão judicial no qual foram deferidas liminares contra os bloqueios em rodovias federais no Rio Grande do Sul, e a aplicação de multas de R$ 10 mil as pessoas físicas e de R$ 100 mil as empresas que desrespeitassem a decisão e mantivessem os bloqueios das estradas. De acordo com o despacho, as multas seriam duplicadas a cada hora de descumprimento.

Intervenção federal

Depois de conceder três liminares em favor da desobstrução das vias, Komorowski reforçou seu pedido ao mencionar a situação “desesperadora” do dia 2, “quando milhares de pessoas reuniram-se em frente a quartéis das forças armadas de diversas cidades bradando por uma, assim chamada, ‘intervenção federal’.”

Assim, ao final do despacho, o juiz federal afirma que vai "concluir os trabalhos registrando meu protesto”:

“Não há vida plena na ditadura. Jamais houve e continua não havendo, independente do país, da religião, da etnia ou do viés político, se de direita ou de esquerda”, começou.

O magistrado Carlos Felipe pontuou que “a vida é o bem maior reconhecido no ordenamento jurídico internacional – vida das pessoas, dos animais, das plantas, qualificada pela coexistência harmônica e sustentável”, e que esse conjunto de ideias ganhou relevância como defesa ao extermínio nazifascista dos anos 1930 e 1940, tornando-se predominante, sendo, no Brasil, consagrado na Constituição.

Em determinado trecho, ele equipara Bolsonaro e outros chefes de Estado a nazifascistas “Avançamos 34 anos [desde a Constituição de 1988] e líderes nazifascistas modernos têm ganhado apoio popular, por exemplo, Bolsonaro, Trump e Putin. Nazistas, porque espalham a morte com base na discriminação e fascistas, porque buscam a dominação de tudo e de todos”, disse Carlos Felipe Komorowski, juiz federal.

“Não entendo a adesão das pessoas a líderes desse nível. […] O que explica o desejo pelo nazifascismo? O desejo de estar sob o jugo de ditadores, indefeso, sem os mecanismos existentes nas democracias para os fracos fazerem valer os seus interesses contra os fortes?”

Ele ainda faz um trocadilho com os eleitores do presidente, chamados de “gado” pelos opositores. “O gosto de ser tocado feito gado é uma manifestação de masoquismo? – com a licença do gado vacum, já tão explorado e ainda tem seu nome e imagem associados a isso”, concluiu.

Assim, o profissional assevera que é urgente a tomada de ações concretas e efetivas pela sociedade civil e os Poderes ainda constituídos para resgatar valores elementares, como a vida, a liberdade e a dignidade, “de modo a preservar e fortalecer a democracia”.

“São tempos estranhos, de perplexidade, violência e medo. Mas os nazistas e fascistas foram derrotados antes e serão de novo, porque “all of you fascists bound to lose: You’re bound to lose! (todos vocês fascistas fadados a perder: Vocês estão fadados a perder!)” 

Fonte: Top Midia News