AÇOITES.
Milton Jorge da Silva
O galo canta no terreiro
Canto em triste soluçar.
O tempo em quase paradeiro
Ouço grilos a cricrilar.
Um cão ladra bem distante
Nem chega a incomodar.
Nenhuma luz nesse instante
Véu da noite a dominar.
O sol ainda não surgiu
Não há cores da alvorada.
Até o cintilar sumiu
E a lua está apagada.
No ar uma brisa fresca
Não é frio e nem calor.
Antes que o dia aconteça
Recordo momentos de amor.
A saudade cala fundo
Açoites ao reviver.
Esse sonhar tão profundo
Eu e você um só ser!