O MPMS (Ministério Público Estadual) abriu inquérito para investigar o desmatamento de 416 hectares de vegetação nativa de Mata Atlântica em Bonito. A maior parte da área derrubada teria sido em região autorizada pelo Imasul (Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), órgão do governo estadual.
Segundo informações do MPMS, um parecer elaborado pelo Nugeo (Núcleo de Geotecnologias) constatou que, dos 416 hectares destruídos, 355 estão dentro de áreas licenciadas pelo instituto. O documento indicou que o Imasul teria autorizado desmates dentro de possível área de Mata Atlântica.
Ainda segundo o parecer do Nugeo, a área derrubada está localizada em seis propriedades rurais cadastradas no CAR (Cadastro Ambiental Rural). Destas, cinco tinham autorizações para desmatamento emitidas pelo Imasul.
Responsável pelo inquérito, o promotor de Justiça Alexandre Estuqui Junior suspeita que as supressões de vegetação foram permitidas porque a área não consta no mapeamento da aplicação da lei federal que protege a Mata Atlântica - o que não isenta a possibilidade da prática de crime ambiental.
Estuqui Junior disse ao site oficial do MPMS que o volume de autorizações de desmatamento expedidas pelo Imasul em possível região de Mata Atlântica “preocupa”.
“Caso isso se confirme, pode gerar, inclusive, processos criminais e de improbidade contra os consultores privados e servidores públicos envolvidos”, alertou.
Ainda de acordo com o promotor, os outros 61 hectares desmatados fora da área de cobertura de autorização ambiental já haviam sido identificados pelo Nugeo. Portanto, já são investigados pelo MPMS.
Bonito foi 'campeã' em desmatamento nos últimos dois anos, apontou levantamento
O desmatamento de 416 hectares de Mata Atlântica em Bonito foi revelado pelo Atlas Mata Atlântica, produzido pela Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). O número colocou o paraíso ecológico e um dos principais destinos do ecoturismo mundial como o município brasileiro que mais desmatou o bioma entre 2019 e 2020.
O Imasul alega que as informações publicadas pelo levantamento não coincidem com os dados oficiais do Estado. Procurado via assessoria de imprensa após a instauração de inquérito pelo MPMS, o órgão disse que "não autoriza supressão em Bioma Mata Atlântica, segue o que determina a Lei n.11.428/2006".
FONTE: Mídiamax