Base governista da bancada federal, formada por Tereza Cristina (PP), Loester Trutis (PL) e Luiz Ovando (PP), apoia todas as declarações do presidente Jair Bolsonaro (PL) e deve considerar a “CPI da Petrobrás”, citada por ele após novo aumento no preço do combustível.
Neste imbróglio, até mesmo o deputado Dagoberto Nogueira (PSDB), que era de oposição quando estava no PDT, revelou que também quer investigação. “Sou favorável a CPI”, disse ao TopMídiaNews.
Indagado novamente sobre os motivos de tal apoio, já que geralmente intitula Bolsonaro como “despreparado” e outros nomes, o tucano deu a entender que a CPI mostraria o verdadeiro culpado, e que cairia no colo do presidente.
“É o problema dos aumentos de preço, culpa inteiramente da política do governo federal com a Petrobras.”
O deputado Fábio Trad (PSD) pondera que, para qualquer abertura de CPI, é necessário um fato determinado. E também avisa que o presidente Bolsonaro, que sugeriu a comissão, também seria investigado.
"Preciso primeiro saber qual é o fato certo e determinado para a criação de uma CPI. Porque, realmente, quem nomeou o alvo da CPI foi o presidente. Então, o que o presidente quer que a gente investigue sobre ele também?”, disse Fábio Trad.
A deputada Rose Modesto (União) disse, via assessoria, que é necessário discussão ampla, mas que se tiver a CPI será a favor. Ela, inclusive, votou a favor do PLP 18/2022, que reduz a cobrança de ICMS sobre a gasolina, a energia elétrica e o gás de cozinha.
“Antes de mais nada, precisamos focar em discutir medidas legislativas que ajudem a conter o preço da gasolina, da conta de energia, do gás de cozinha e todos os demais serviços essenciais. Isso é o mais urgente para a população. Se tiver que ter CPI, terá e com meu apoio sim. Mas que seja depois de sanar os problemas urgentes da população.”
Base do governo
Deputados da base não responderam diretamente os questionamentos enviados pela reportagem, mas fizeram postagens sobre o momento tenso no governo.
Ex-ministra de Agricultura, a deputada Tereza Cristina (PP) compartilhou publicação de Bolsonaro concordando com o posicionamento dele, que criticava o novo reajuste da Petrobras.
“O governo federal, como acionista, é contra qualquer reajuste nos combustíveis, não só pelo exagerado lucro da Petrobrás em plena crise mundial, bem como pelo interesse público previsto na Lei das Estatais”, diz a publicação do presidente.
Já o deputado Dr. Luiz Ovando (PP) comemorou ontem a renúncia do presidente da Petrobrás José Mauro Coelho, substituído interinamente por Fernando Borges, diretor de Exploração e Produção.
Loester Trutis postou no Facebook que as altas frequentes de preços nos combustíveis pela Petrobras são para prejudicar o presidente.
“Visivelmente tem gente sentindo muita falta da propina que vinha do ex-presidiário. Querem o caos, jogando a população menos esclarecida contra o presidente!”.
Manobra eleitoreira
De oposição, Vander Loubet (PT) diz que a CPI é uma ferramenta importante no regime democrático para fiscalizar. E diz que "nesse caso, em específico, o que chama a atenção, por ser estranho, é que o governo e sua base aliada querem uma CPI sobre um tema que é de responsabilidade deles, pois é público que os presidentes da Petrobras são indicados pelo governo, assim como são indicados pelo governo os conselheiros que votam e definem os reajustes".
Para o petista, a estratégia é uma manobra para se eximir da culpa.
"Na verdade, trata-se de uma manobra eleitoreira, uma cortina de fumaça para tentarem tirar o corpo fora. Bolsonaro e sua base de apoio passaram quase quatro anos sem tomar a atitude que deveriam ter coragem de tomar para ajudar a resolver o problema da escalada absurda de preços dos combustíveis e do gás de cozinha, que é alterar a política de preços da Petrobras, que desde o final de 2016 prevê a dolarização dos preços."
Esfriou
Os deputados do Partido Liberal já iniciaram a coleta de assinaturas na Câmara para aprovar requerimento do pedido de CPI desde segunda-feira (20), mas assessores do Congresso indicam que os pedidos de CPI esfriaram com a queda do presidente da Petrobras.
O deputado Beto Pereira (PSDB) não se posicionou sobre o tema até o fechamento do texto.
O espaço está aberto a todos os parlamentares citados.