"Em suma, minha sátira foi ao texto, não ao ocorrido", diz o estudante de medicina da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), que resolveu "brincar e satirizar", o caso de estupro cometido pelo anestesista Giovani Quintella Bezerra, durante um parto, em São João do Meriti (RJ). Após o cancelamento na internet, e notas de repúdio, ele tenta se justificar sobre o posicionamento anterior.
Nas redes sociais, o jovem chegou a fazer um comparativo de estupro com imprudências cometidas por mulheres no trânsito, em uma postagem nas redes sociais da fotógrafa Tracy Figg.
Após a tal sátira do estudante e o resultado negativo, ele enviou mensagem ao TopMídiaNews, e disse que "repudia o caso de estupro".
"Primeiramente, quero deixar explícito o meu repúdio ao caso de estupro que foi noticiado. Aquilo não é um ser humano, muito menos um médico. Diante do acontecido, um perfil do Instagram publicou uma imagem que continha um poema que lamentava a situação, mas que logo tomou outro rumo. Até que, enfim, o texto finalizou com 'nem todo homem, mas sempre um homem'."
O estudante tenta justificar sua primeira fala e diz os crimes não são cometidos só por homens e que em sua visão, o primeiro poema generalizou. Ele ainda chamou o poema de "estapafúrdia".
Um caso de estupro a cada dez minutos
Vale lembrar que o Brasil registrou 56.098 estupros de mulheres ao longo de 2021, de acordo com dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O número do ano passado é 3,7% maior em relação ao ano anterior e equivale a um caso a cada dez minutos no País.
Nas últimas semanas, o Brasil se chocou com casos em que uma menina de 11 anos quase foi impedida de realizar aborto legal, após estupro. E depois com o caso da atriz Klara Castanho, que foi estuprada e decidiu levar a gravidez adiante, entregando a criança para doação legal.
Ainda assim com altos índices de vítimas mulheres e crianças, o estudante de medicina entende que a escrita da fotógrafa está errada.
"Ora, os estupros não são sempre cometidos por homens, ainda que o sejam na maioria das vezes. A palavra 'sempre' exclui exceções, e este certamente não é o caso. Diante da conclusão estapafúrdia do poema original, que imputa somente ao homem o crime de estupro, fiz um poema satírico e tão ridículo quanto a conclusão do primeiro. Nele, fiz uma sátira me referindo a infrações de trânsito e ironizei como se só as mulheres cometessem, o que claramente não é verdade", disse ele.
Ele cita que seu texto foi inocente, e insistiu que a frase "sempre um homem" é errônea.
"Em nenhum momento no meu texto ironizo o estupro ocorrido, não fiz piada com estupro e muito menos fiz piada com violência. Foi apenas um texto satírico, inocente e intencionalmente absurdo a fim de expor a ideia ridícula insinuada através da frase 'sempre um homem' no texto original, o que é uma conclusão ilógica, sem cabimento."
Por fim, o acadêmico da UFMS afirma que não teve intenção de comparar os crimes de estupro e de trânsito com sua sátira.
"Em momento algum comparei o crime de estupro a infrações de trânsito, isso sequer faz sentido. É óbvio que há homens que cometem infração de trânsito, assim como há, também, mulheres que estupram. E é isso que o meu texto satírico quis expor: o ridículo da conclusão do texto original.Em suma, minha sátira foi ao texto, não ao ocorrido."
Atlética do curso de medicina
Ao ter conhecimento do caso, a atlética do curso de Medicina da universidade emitiu nota de repúdio.
Fonte: Topmidianews