Mato Grosso do Sul existe oficialmente há 45 ano, celebrados na próxima terça-feira (11) e, mesmo assim, quase que diariamente, ouvimos gente de outros estados confundir MS com MT. Se é por preguiça de falar o nome completo ou pura ignorância geográfica, não se sabe. Fato é que a rivalidade entre os estados vem de longa data, antes da separação de Mato Grosso do Sul do Mato Grosso "uno", em 1977.
A história mostra que a separação dos estados foi causada pela insatisfação das lideranças políticas dos municípios da região sul, que atualmente formam o Mato Grosso do Sul. De 1888 vem o primeiro marco do movimento divisionista, que só foi concretizado 88 anos depois com uma ‘canetada’ do então presidente Ernesto Geisel.
No livro "Campo Grande, 100 anos de Construção", o capítulo sobre a criação de Mato Grosso do Sul destaca a rivalidade. Escrito há 20 anos por Afonso Nogueira Simões Corrêa - engenheiro, pecuarista, escritor e participante da Comissão Especial que supervisionou a divisão do estado - o capítulo fala das origens do Estado.
“A progressiva adesão do povo sul-mato-grossense ao movimento separatista foi consequência da política regionalista e discriminatória, adotada pelos dirigentes de Cuiabá em relação ao sul do Estado (...). Nesse ambiente de permanente disputa pelo poder, as lideranças políticas do norte estimulavam a discórdia, lançando uns contra os outros, com o intuito de enfraquecê-lo e assegurar o predomínio do norte”, diz no livro pertencente ao acervo do IBGE.
O livro ainda revela que também eram impostas dificuldades aos moradores do sul para resolver questões burocráticas, considerando que Cuiabá era a capital na época - apesar dos municípios do sul serem economicamente mais prósperos. “Isso fez crescer o descontentamento e a animosidade dos sulistas contra o governo e os políticos do norte”.
Autoridade da época, Afonso relata ainda que “na consciência coletiva dos habitantes do sul, as palavras ‘Cuiabá’ e ‘cuiabano’ tinham, desde a infância, conotação intimidativa”. O livro ainda compara o cuiabano a alguém de autoridade repressiva, como o professor primário que usava a palmatória, o coletor de impostos e o delegado.
Comemoração estilo Carnaval
Jornais da época relatam a felicidade da população do recém-criado Mato Grosso do Sul com o ato que marcou a divisão. O jornal O Estado de SP, de 12 de outubro de 1977, destacou na capa a festa no estilo ‘carnaval’ promovida pelo novo estado, apesar da cerimônia em que Geisel assinou a lei complementar ter durado apenas 11 minutos.
Da cerimônia, em Brasília, participaram 860 convidados, mas a festa promovida pela população começou às 5h30 do dia 11 de outubro, em Campo Grande. Na capa, o jornal Folha de São Paulo destacou que foi criado o Estado de MT do Sul, destacando os benefícios políticos e administrativos para a separação.
Fomte: Midiamax