O cantor, compositor, instrumentista e ator Toni Garrido é nome mais do que conhecido em todo o Brasil, com sua voz leve e fluida de contratenor, desde 1986, quando foi formada a banda Cidade Negra, da qual é vocalista, e agora, aos 55 anos, lança seu primeiro álbum solo, intitulado "Baile Free", com a música de trabalho "Vai", que está disponível em todas as plataformas digitais e mistura elementos de música eletrônica com soul, sem deixar para trás a sonoridade peculiar de Garrido que, mais do que nunca, continua cativando muitos fãs em todo o país.
Quando pergunto a Toni sobre o balanço que ele faz da sua trajetória, a resposta vem descontraída e bem-humorada, mas emotiva. "O balanço que eu faço da minha trajetória desde o início até hoje, Méri - talvez seja a pergunta mais difícil da minha vida -, porque você está me pedindo para fazer um balanço da minha vida, e o que eu posso fazer agora, para não ficar muito traumatizado (risos), é dizer que é uma trajetória que está sendo muito curtida, muito deliciada. Eu tenho muita gratidão por tudo o que está acontecendo, esse ano eu estou fazendo 40 anos fazendo música, então, é só gratidão, mesmo."
Sobre o novo momento, com carreira e álbum solo, Toni deixa escapar que gosta do fato de, décadas depois de ter começado, ainda perceber entusiasmo em sua caminhada. "É um momento muito especial, porque eu, 40 anos depois, eu comecei na música com 15 anos, começo uma carreira pessoal de verdade. A minha empreitada pessoal sempre existiu, que é a minha batalha nos lugares de música que eu me sinto à vontade, descobrir uma banda que eu fique à vontade. Então é muito delicioso olhar para esse tempo e ver que opa! Temos força, temos gás, temos vontade, temos viço na pele, questão de energia, 'libido', que é o tesão de estar vivo, fazendo as coisas de verdade", dispara.
Ele fala, também, sobre o que o move em relação a essa nova etapa da vida e da carreira. "Eu não queria pegar um resultado pronto. A graça, o frio na barriga é achar um tom, achar vários tons, achar uma nova mistura, a minha mistura, ou achar a mistura daquele momento, não ficar copiando a referência. Nunca fui assim, e não seria assim agora. Então, se eu tenho a oportunidade de me divertir com essa alquimia, com essa maluquice que é fazer música deliciosa, que tem liberdade como ingrediente principal, eu não vou me privar disso", assevera.
A respeito do single "Vai" e o álbum "Baile Free", Garrido explica que não há como dissociar as duas principais influências do trabalho. "'Vai' é isso, é um lançamento de um álbum, o 'Baile Free', que é focado em black music e eletrônica, como se isso fosse um binômio separado. Na realidade, a black music já usa eletrônica desde que a eletrônica começou a ser usada nos anos 40 e 50, né? Eletrônica foi criada lá atrás, por aqueles malucos que usavam de outra forma, em outro tipo de música, inclusive, na música clássica tem elementos eletrônicos ali, já. Enfim, eu tô bem feliz e tem uma sequência linda de coisas para acontecer."
Sobre a apresentação que já fez em Campo Grande, o cantor deixa claro que a importância do público é muito grande. "O destaque do público, o carinho do público é porque o público é amor, cara, e todo mundo é brasileiro. Você paga imposto em Campo Grande, eu pago imposto no Rio, no final das contas a gente se equivale, e eu pago imposto para quando você vir ao Rio de Janeiro, você se sentir a filha que você é, e você paga imposto aí para quando eu for aí, eu ter qualidade, você não ter vergonha de apresentar sua cidade para mim porque ela é saneada, porque ela é carinhosa. Eu acho que o público é bom, o público é carinhoso, vai muito além de uma música só, a gente precisa de expressão musical."
Planos
Para o próximo ano, toni afirma que seu plano é "viver". "Eu quero dormir uns dias em casa, eu quero conseguir fazer amor sem ter que botar na agenda (risos). Tô brincando, mas tô felizão, tô amarradão, eu quero, como diz a música, 'é caminhar, e chegar ao fim do dia', com alegria, com vontade, com tesão, com libido, é isso."
Mas o artista explica que tem aprendido uma lição valiosa. "Tô aprendendo, também, que não adianta calcular muito mais do que os próximos dias - na verdade, o dia de hoje e, talvez, o início de amanhã - isso seria o mais próximo do correto. A gente é viciado e não consegue calcular só amanhã, calcula mais para a frente, mas é viver um dia de cada vez e ser feliz", conclui.