A visão do mercado sobre comunicado do Banco Central dos Estados Unidos (Federal Reserve), divulgado nesta quarta-feira (22), reforçou uma leitura de que a autoridade ainda não está segura de que o processo de desinflação vai acontecer de forma contínua nos próximos meses.
Com isso, a tese de que os juros não só vão ter que continuar subindo, mas vão permanecer em patamares elevados por mais tempo, acabou ganhando força, assim como a perspectiva de uma recessão na economia.
Esse cenário, em que a autoridade monetária opta por medidas mais rígidas e, portanto, com efeitos mais duros na economia, é traduzido por economistas como “hard landing' (aterrissagem forçada, na tradução livre do inglês).
No “soft landing', por outro lado, apesar de o Fed apertar a política monetária e esse efeito ser sentido no setor imobiliário, por exemplo, há, em alguma medida, uma estabilização dos dados de atividade econômica.
“São maneiras de a gente classificar como vai ser a desaceleração do ciclo econômico dos EUA. Como estamos falando da maior economia do mundo, com um PIB de quase US$ 25 trilhões, qualquer redução ou aumento marginal faz preço para os parceiros comerciais, acaba afetando o fluxo de capital, o valor do dólar afeta mundialmente todas as economias', explica Alex Lima, estrategista-chefe da Guide Investimentos.
Fed mais próximo de um “hard landing'
O especialista vê uma maior probabilidade de o Fed optar por um “hard landing' nos próximos meses.
“O comunicado do Fomc em 1 de fevereiro alimentou dados de que a economia está muito quente. Com vagas aumentando muito e inflação persistente. Então, a expectativa de que o Fed tenha chegado ao ponto de estacionar os juros acaba sendo desmontada', diz.
Esse cenário, ressalta o analista, deixa os mercados globais mais receosos, com desvalorização de ativos e dólar global voltando a subir.
“De fato, parece que o Fed vai ter que ser mais agressivo e, quando mais agressivo ele é, maior a probabilidade de a gente ir para um ‘hard landing’, que é um pouso um pouco mais forçado na economia'.
O Banco Central dos Estados Unidos (Federal Reserve) divulgou nesta quarta-feira (22) a ata da última reunião do Fomc (comitê de política monetária americano), que decidiu subir os juros em 0,25 ponto percentual, para uma faixa de entre 4,5% e 4,75% ao ano.
A visão do mercado sobre a decisão e sobre o comunicado do fed reforçou uma leitura de que a autoridade não está segura ainda de que o processo de desinflação vai acontecer de forma contínua nos próximos meses.
FONTE: MSNEWS